
BAGDÁ - Saddam Hussein regava plantas no jardim da prisão, guardava pão para dar aos pássaros e usava café e charutos para manter sua pressão sanguínea sob controle, segundo o enfermeiro militar que cuidou dele na prisão em Bagdá.
Em entrevista dada ao jornal americano St. Louis Post Dispatch, o sargento Robert Ellis, de 56 anos, deu detalhes sobre os últimos meses de vida do ex-presidente iraquiano na prisão - que era chamado de "Victor" entre os militares no campo - situada na região norte da capital do Iraque.
Ellis foi o responsável pela saúde de Saddam entre 2004 e 2005. Segundo o enfermeiro, Saddam escrevia poesias, lembrava de quando contava histórias para suas filhas antes de dormir e guardava pão para poder alimentar os pássaros.
"Meu trabalho era mantê-lo vivo e com saúde, para que eles pudessem matá-lo num momento posterior", afirmou o sargento.
O enfermeiro contou que Saddam ficava numa cela de cerca de quatro metros quadrados em Camp Cropper, onde outros prisioneiros importantes também estão presos. Em sua cela, ele tinha à sua disposição uma cama, duas cadeiras plásticas, um manto para orações e duas bacias para se lavar. Sua saúde era avaliada duas vezes ao dia para que os oficiais pudessem acompanhar a situação.
Saddam dizia a Ellis que charutos e café ajudavam a manter a sua pressão sanguínea baixa e, segundo o enfermeiro, "parecia funcionar".
Greve de fome
Num determinado momento, Saddam Hussein começou uma greve de fome, recusando-se a comer a comida que os soldados colocavam embaixo da porta. Quando eles passaram a abrir a porta para levar o alimento ao ex-líder iraquiano, ele voltou a comer. "Ele se recusava a ser alimentado como um leão", disse Ellis.
Em suas curtas saídas da cela, Saddam Hussein regava plantas e alimentava os pássaros com pão que ele guardava das refeições. "Ele contava que tinha sido agricultor quando era jovem e que jamais tinha esquecido de onde viera", afirmou o enfermeiro, que também revelou que "raramente" ele se queixava de alguma coisa e quando o fazia, normalmente era legítimo.
Quando o sargento americano disse a Saddam que estava voltando aos Estados Unidos porque seu irmão estava morrendo, o ex-presidente iraquiano lhe deu um abraço e disse que ele [Saddam] seria o seu irmão.
Segundo o enfermeiro, o ex-líder nunca tocou no assunto de seu período no poder. Contudo, um dia Ellis disse que foi vê-lo na cela e Saddam o questionou sobre quais razões que tinham levado os Estados Unidos a invadir o país, argumentando que o Iraque tinha leis justas e que os inspetores não tinham encontrado armas de destruição em massa.
"Eu respondi: 'Política é assim. Nós, soldados, nunca nos metemos com isso", teria respondido Ellis.
(Estadão - 01 de janeiro de 2007)
Até mesmo o mais cruel estereótipo tem seu lado humano e um lado humano um tanto quanto sensível, esquecido por muitos. Qualidades escassas, encontradas em pessoas tipicamente queridas.
É um bom indício de que para tudo na vida temos diversas óticas, cada qual com suas importâncias e inutilidades. Quem diria que o ditador sanguinário, assassino como dizem por aí , teria esta face de bom moço? Um senhor que poderia ser um amável avô que cuida dos pássaros e rega as plantas? Além de escrever poesias?
Até onde isto é verdade eu não sei, tampouco importa este mérito. O que vale é a mensagem de que há bondade mesmo na mais distante controvérsia sobre o assunto.
Em entrevista dada ao jornal americano St. Louis Post Dispatch, o sargento Robert Ellis, de 56 anos, deu detalhes sobre os últimos meses de vida do ex-presidente iraquiano na prisão - que era chamado de "Victor" entre os militares no campo - situada na região norte da capital do Iraque.
Ellis foi o responsável pela saúde de Saddam entre 2004 e 2005. Segundo o enfermeiro, Saddam escrevia poesias, lembrava de quando contava histórias para suas filhas antes de dormir e guardava pão para poder alimentar os pássaros.
"Meu trabalho era mantê-lo vivo e com saúde, para que eles pudessem matá-lo num momento posterior", afirmou o sargento.
O enfermeiro contou que Saddam ficava numa cela de cerca de quatro metros quadrados em Camp Cropper, onde outros prisioneiros importantes também estão presos. Em sua cela, ele tinha à sua disposição uma cama, duas cadeiras plásticas, um manto para orações e duas bacias para se lavar. Sua saúde era avaliada duas vezes ao dia para que os oficiais pudessem acompanhar a situação.
Saddam dizia a Ellis que charutos e café ajudavam a manter a sua pressão sanguínea baixa e, segundo o enfermeiro, "parecia funcionar".
Greve de fome
Num determinado momento, Saddam Hussein começou uma greve de fome, recusando-se a comer a comida que os soldados colocavam embaixo da porta. Quando eles passaram a abrir a porta para levar o alimento ao ex-líder iraquiano, ele voltou a comer. "Ele se recusava a ser alimentado como um leão", disse Ellis.
Em suas curtas saídas da cela, Saddam Hussein regava plantas e alimentava os pássaros com pão que ele guardava das refeições. "Ele contava que tinha sido agricultor quando era jovem e que jamais tinha esquecido de onde viera", afirmou o enfermeiro, que também revelou que "raramente" ele se queixava de alguma coisa e quando o fazia, normalmente era legítimo.
Quando o sargento americano disse a Saddam que estava voltando aos Estados Unidos porque seu irmão estava morrendo, o ex-presidente iraquiano lhe deu um abraço e disse que ele [Saddam] seria o seu irmão.
Segundo o enfermeiro, o ex-líder nunca tocou no assunto de seu período no poder. Contudo, um dia Ellis disse que foi vê-lo na cela e Saddam o questionou sobre quais razões que tinham levado os Estados Unidos a invadir o país, argumentando que o Iraque tinha leis justas e que os inspetores não tinham encontrado armas de destruição em massa.
"Eu respondi: 'Política é assim. Nós, soldados, nunca nos metemos com isso", teria respondido Ellis.
(Estadão - 01 de janeiro de 2007)
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Até mesmo o mais cruel estereótipo tem seu lado humano e um lado humano um tanto quanto sensível, esquecido por muitos. Qualidades escassas, encontradas em pessoas tipicamente queridas.
É um bom indício de que para tudo na vida temos diversas óticas, cada qual com suas importâncias e inutilidades. Quem diria que o ditador sanguinário, assassino como dizem por aí , teria esta face de bom moço? Um senhor que poderia ser um amável avô que cuida dos pássaros e rega as plantas? Além de escrever poesias?
Até onde isto é verdade eu não sei, tampouco importa este mérito. O que vale é a mensagem de que há bondade mesmo na mais distante controvérsia sobre o assunto.