segunda-feira, abril 10, 2006

Rifa-se um Coração

Memórias, lembranças, saudades, são ingredientes de nossa história! Este poema da Clarice Lispector me traz boas recordações.

***

Rifa-se um coração

Um coração idealista.
Um coração como poucos,
Um coração a moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar
peças em seu usuário.

Rifa-se um coração que na verdade está
um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em cultivar sonhos e alimentar ilusões.
Um pouco inconseqüente e que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que
Tim Maia estava certo quando escreveu e
tão bem cantou...
"Não quero dinheiro, quero amor sincero, é isso que eu espero..."
Um idealista, um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende,
que não endurece e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato,
que comanda o racional sendo louco
o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra que briga, se expõe
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e as vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este mesmo coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que
abre sorrisos tão largos
que quase dá para engolir as orelhas,
mas que também arranca lagrimas e faz
murchar meu rosto.
Um coração para ser alugado ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado, apenas indicado para quem
quer viver intensamente,
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra
sem armaduras e deixa louco seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer a São Pedro:
-"O Senhor pode conferir, eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi
este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer."

Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro que tenha um
pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser
que o abriga tão carinhosamente.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que
ainda não foi adotado,
provavelmente, por ainda se recusar a cultivar
ares selvagens ou racionais,
por não querer perder seu estilo e sua
verdadeira identidade.

Oferece-se um coração vadio, sem raça,
sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos,
que mesmo estando no mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

(Clarice Lispector)

sexta-feira, abril 07, 2006

Uma parede de tijolos ou um parque?


Olhar a paisagem pela janela do tempo é olhar para a sua vida. O que gostaria de ver? Um feliz parque ou uma parede de tijolos? Só depende de você.

***

Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. Sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias...

E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela. O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela.

A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte. Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena.

Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas. Dias e semanas passaram.

Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo. Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca.

Depois de se certificar de que o homem estava em instalado, a enfermeira deixou o quarto. Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para uma parede de tijolos!

O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem.

Moral da História:

Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada. Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o dinheiro não pode comprar.

"O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente."

(Autor desconhecido)

quinta-feira, abril 06, 2006

Um brinde a vida


"Quando você nasceu, você estava chorando e todas as pessoas ao seu redor estavam sorrindo. Viva de um modo que ao morrer, você seja aquele que esteja sorrindo enquanto todos a sua volta estejam chorando." (Autor desconhecido).

***

Faça valer a pena. Costumo dizer que para tudo aquilo que se dispor a fazer, que se faça com amor, com carinho, com vontade e bem feito.

Na vida não é diferente. Viva um dia de cada vez, não sofra por atencipação, planeje, saiba aonde quer chegar, corra, lute, acredite, acredite em si, trilhe seus caminhos, construa seu sucesso, invente seu futuro.

Haverão momentos de sofrimento, dificuldades, uma dor que parece eterna, dias sem fim, onde tudo parece dar errado. Sorria mesmo assim, faça por onde, faça por merecer. Seja maior que seus problemas, mostre a eles o tamanho de sua coragem.

Ame a vida, valorize as pessoas que te amam, construa uma família, ensine seus filhos a viver, compartilhe um pôr do sol, acorde cedo para saudar um novo dia, respire o ar frio das manhãs, abrace seu amigo, conheça novos lugares, conheça novas pessoas, cultive as verdadeiras amizades, anote seu poema favorito, colecione pétalas de rosas, guarde recordações de um lindo dia, seja feliz!

Então, quando todos chorarem sua saudade, você saberá sorrir, deixando este mundo consciente de que valeu a pena.

quarta-feira, abril 05, 2006

Intenção


"Se não houve frutos, valeu a beleza das flores; se não houve flores, valeu a sombra das folhas; se não houve folhas, valeu a intenção da semente."

Esse verso é de autoria do cartunista Henrique de Souza Filho (ou Henfil), em seu livro Diretas Já.

Henfil, um mineiro nascido em Ribeirão das Neves no ano de 1944 e falecido em 1988 aos 44 anos no Rio de Janeiro, ficou conhecido pelos personagens: Fradim, Graúna, Capitão Zeferino, dentre outros. Suas criacões tipicamente brasileiras e seu humor podem ser vistos até hoje em tiras de alguns jornais.

***

Uma mensagem simples de enorme significado. Dizem que o sentido das coisas mudam conforme a fase de sua vida, as opiniões divergem de acordo com a época em que se vive, o que se sente, o que se pensa, o que se passa.

Neste momento, vivo estes versos como sendo as coisas que valem a pena, das menores inteções aos maiores atos. Se algo não convergiu em no que se esperava, mesmo assim valeu a pena tentar, valeu a pena sentir, valeu a pena viver e valerá a pena recordar.