sexta-feira, julho 13, 2007

Pessoas que viveram bem


Conheci algumas pessoas que bem viveram, que se perpetuaram nas recordações daqueles que participaram da história. Uns são lenda, outros ternura, alguns amor incondicional.

Viveram intensamente, vidas curtas, cheias de histórias, altos e baixos, outras pessoas teriam vivido umas três vezes dentro da existência de cada uma delas. Mudanças radicais transformaram a rotina em novidade, a novidade em estilo de vida.

Existem pessoas que tem a capacidade de se reinventar, recriar o mundo em volta, mudar, crescer, aventurar-se. Vivem em sua plenitude. São pessoas raras, com uma rara coragem, a coragem de quebrar paradigmas, inclusive aquela que te dá conforto. A rotina.

A rotina faz com que as coisas sejam previsíveis, a ilusão de que tudo está sob controle. Quem se sente confortável com a rotina, nunca experimentou o excitante sabor da aventura, do inesperado e inesquecível. São naqueles momentos de loucura que contamos as melhores histórias, nos mesmos momentos de loucura, surgem os maiores arrependimentos.

Conheci pessoas assim, que tinham uma imensa alegria de viver e coragem de transformar. Quis o destino mudar-lhes pela última vez, e pela última vez saberíamos de suas histórias porque o que vem a seguir, se é que existe algo é o mistério que nos faz agarrar a certeza e a beleza da vida.

segunda-feira, julho 09, 2007

Testamento


Despeço-me,

Em algum lugar no ano de 2180 ou muito mais.

Eu, no gozo de perfeitas faculdades mentais escrevo estas
últimas palavras neste testamento que àqueles que aqui ficam
irão um dia tomar conhecimento, para perpetuar esta mensagem.

Deixo aqui, toda a amizade que cultivei para aqueles que um dia
estiveram comigo e para que os estiveram até o dia em que as
cortinas deste espetáculo se fecharam;

Aos grandes heróis da minha vida, que antes de mim partiram. Se
um dia tive sucesso, não teria sido o mesmo sem vocês, a grande
base, o colo amigo, as broncas e o carinho. Aonde quer que
estejam, em breve nos encontraremos novamente;

As pessoas que comigo viveram, desde a mais pura infancia, aos
que dividiram o mesmo berço, os mesmos braços paternos e
maternos, meus votos de felicidade. Sei que a sorte sempre está
do lado dos capazes e que o sucesso é apenas o resultado de
tamanha competencia, sendo assim, tudo que tenho a dizer se
resume em uma imensa gratidão, por tudo que vivemos, por tudo
que passamos, por tudo que um dia dividimos;

Deixo toda a gratidão àqueles que um dia criei e que hoje são
verdadeiros homens e verdadeiras mulheres, na mais tenra
juventude. Que tenham uma vida tão bela, tão intensa quanto a que
tive e tão cheio de dias felizes, que sem vocês jamais teria
tido. Que um dia encontrem o grande amor, assim como certo dia
encontrei;

Ao amor da minha vida, meu eterno agradecimento pela paciência,
força, companheirismo, vida e por ter conseguido demonstrar nos
pequenos gestos as dádivas que resumiram tudo o que houve de
bom na vida.

- Se um dia fui feliz (e como fui!), foi graças a tudo que
senti por você;

- Se um dia chorei, não foi de tristeza e sim pela felicidade

de ter tido a oportunidade de conhecer alguém que mudaria meus
dias para todo o sempre;

- Se um dia me apaixonei, foi graças ao seu olhar e sua doçura

que levarei dentro de mim para onde quer que eu vá;

- Se um dia desejei viver com você pelo resto da eternidade, é

porque tive a certeza de que assim minha vida seria perfeita;

- Se hoje estou partindo não é porque não temo a saudade e sim

porque sairei deste capítulo para habitar apenas o seu coração,
até o dia em que estivermos juntos novamente;

Que todos tenham uma vida tão longa, boa e feliz como a que
tive, que todos possam contar uma bela história, que possam
escrever as últimas páginas com satisfação e certeza de
dever cumprido.

Assim sendo, encerro esta carta e desejo sorte àqueles que
perpetuam nossa existência. Fecho, assim, as cortinas,
deste espetáculo, o espetáculo da vida, a minha história.

Boa sorte a todos,
Emilio Numazaki

domingo, junho 17, 2007

Unconditional Love by Susanna Hoffs


Susanna Hoffs - Unconditional love

I wanna fall into you
And I wanna be everything you want me to
But Im not sure I know how
I lose faith and I lose ground.

When I see you I remember, oh
Unconditional love
(love, love, love).

It doesnt matter what I say
cause it always seems youre taking me the wrong way
But if you could read my mind
Youd see, I fight myself all the time.

When I see you I surrender, oh
Unconditional love
(love) love (love) oh-woe (love)
(love) love (love) oh-oh (love).

Standing on a wilder shore
I got my head up in the clouds
Oh, I aint got no sense of direction now.

I wanna lie next to you
And I wanna do everything you want me to
But Im not sure I know how
Put your arms around me now.

When I feel you I surrender, oh
Unconditional love
(love, love, love)
Oh (love, love, love).

Put your arms around me now
cause when I feel you I surrender
Unconditional love
(love) unconditioned love, hoo-hoo-hoo-hoo-hoo (love).

When I see you I remember
Unconditional love
(love) all you need is (love) what the world needs (love)
Now the word is love (love) love (love) hoo-hoo-hoo-hoo-hoo (love).

***

Hoje irei no embalo do post da minha querida amiga Lilian que publicou em seu blog, a recordação de uma música que embalou muitas paixões: Eternal flame de Bangles.

Susanna Hoffs ao deixar a banda Bangles, lançou um disco solo chamado When you're a boy (1991), uma das músicas do álbum foi este que particularmente considero uma das mais bonitas daquela época, unconditional love, ou amor incondicional. Entretanto, o hit que mais emplacou, foi My Side of the Bed que ficou entre os quarenta top hits norte americanos. Apesar disso, este álbum não fez muito sucesso.

Outros albuns foram lançados no decorrer da década, em 1996 foi a vez do solo Susanna Hoffs e por fim, existe um trabalho inacabado entre 1993 e 1994, época em que deixou a gravadora Columbia.

Casou-se em 1993 com o diretor Jack Roach e fez algumas aparições em uma das versões do filme Austin Powers como integrante de uma banda fictícia chamada Ming Tea.

Clique aqui para saber mais sobre Susanna Hoffs e curta o clipe de Unconditional love.




quinta-feira, maio 03, 2007

Um futuro que não nos pertenceu


Imaginem se nossos pais não tivessem se conhecido? Ou se algum sujeito do passado tivesse tomado uma decisão diferente daquela, que convergiu numa série de fatos que viabilizou nossa existência? Simplesmente não estaríamos aqui, outras pessoas estariam em nosso lugar ou, no mínimo, no meu lugar.

Algumas vidas passaríam por aqui ou por ali, sem a noção de que estes dias jamais poderiam ter acontecido. Nunca teríamos caminhado por estas terras, nunca teriamos vivido nestas datas, nunca teriamos conhecido estas pessoas.

É curioso imaginar que a possibilidade de não estarmos aqui é muito mais factível do que o presente corrente, porém, nunca devemos nos esquecer de que mesmo sem nós, uma história haveria de acontecer com outros personagens em um futuro que não nos pertenceu.

terça-feira, maio 01, 2007

O Grande Roland Ratzenberger


À primeira vista, havia um mundo separando Ayrton Senna e Roland Ratzenberger. O brasileiro era um ídolo em todo o planeta, tricampeão mundial e estava na equipe mais poderosa da Fórmula 1. O austríaco, um completo desconhecido (mesmo em seu país natal) e correndo em uma equipe estreante, cujo orçamento anual não pagaria o salário de Senna. Exemplos dos dois extremos deste fascinante esporte.

Mas havia alguns pontos em comum unindo estes seres humanos. Tinham praticamente a mesma idade (Ayrton era três meses e meio mais velho que Roland) e tiveram um casamento curto que fracassou em nome da busca pela verdadeira paixão de suas vidas: correr na Fórmula 1. Quis o destino que o brasileiro tivesse o talento e os meios para atingir este objetivo com mais rapidez e sucesso que o austríaco. Quis o destino que os dois morressem em nome deste sonho e que suas mortes permanecessem, para sempre, ligadas.

Ratzenberger nasceu em Salzburg no dia 4 de julho de 1960 e foi infectado pelo vírus da velocidade aos cinco anos de idade, quando a avó o levou para ver uma corrida de subida de montanha. Pouco depois a Áustria foi invadida pela “febre Jochen Rindt”, e o sucesso do compatriota nas pistas foi o argumento final para a decisão de Roland: iria ser piloto e, acima de tudo, correr na Fórmula 1.

Seus pais tinham outros planos para o único filho homem. Mandaram o adolescente para estudar em uma escola técnica em Graz, mas nada atrapalharia seus planos. Roland pegou o dinheiro e foi para Monza, onde participou de um curso em uma escola de pilotagem.

A decisão lhe custou uma justa bronca paterna e o fez decidir: Iria se virar sozinho para seguir no automobilismo. Enquanto o motorista da família Senna buscava o jovem Beco na escola para levá-lo ao kartódromo de Interlagos, Ratzenberger metia a mão na massa trabalhando como mecânico na escola de Walter Lechner em Salzburgring, podendo andar de Fórmula Ford quando um carro estivesse livre.

“Só assistimos uma corrida sua ao vivo uma vez, de F-Ford em Salburgring”, relembra o pai Rudolf. “Roland ganhou as duas baterias, mas não ficou feliz em nos ver. Com freqüência não sabíamos onde ele estava, o que fazia... Ele não queria ajuda e eu não sou nenhum carrapato. E jamais ele nos procuraria para dizer: ‘Estou mal, vivo só de sanduíches’”.

Não demorou muito para o austríaco se estabelecer como um homem de ponta na Fórmula Ford 1600. Além dos títulos europeus em 1984 e 1985, Ratzenberger triunfou em 1986 no famoso Festival de Brands Hatch, uma espécie de Mundial da categoria, com cerca de 100 pilotos inscritos. Seu companheiro de equipe era um tal de Eddie Irvine. “A vitória foi em uma espécie de ‘photo-finish’. Foi sensacional para ele porque, como piloto privado, conseguiu derrotar diversas equipes de fábrica”, recorda o irlandês.

Mas as portas da Fórmula 1 não se abriram e, para sobreviver, Roland pilotou nos anos seguintes qualquer carro que lhe fosse oferecido: Fórmula 3, Fórmula 3000, carros esporte e também protótipos. Além de acumular experiência e alguns bons resultados, o caráter afável do austríaco lhe rendeu também muitas amizades entre os companheiros de pista.

No fim dos anos 80 e início dos 90, o automobilismo viveu um enorme ‘boom’ no Japão. O sucesso da Honda e de Ayrton Senna na Fórmula 1, aliado à um período econômico especialmente frutífero, fez com que empresas despejassem rios de dinheiro no esporte a motor. Como ocorreu no futebol com a J-League, as principais equipes correram para a Europa em busca de pilotos com experiência ou jovens postulantes ao sucesso.

Roland mudou-se para Tóquio em 1990 e logo pôs em prática seu lado versátil, competindo ao mesmo tempo na Fórmula Nippon (a F-3000 de lá), Grupo A (turismo, com a BMW) e Grupo C (protótipos, com a Toyota). Dentre suas vitórias, a mais importante veio nesta última categoria, sua favorita, nos 1000 Km de Fuji.

Fora da pista, formou-se uma turma da pesada: Ratzenberger, Irvine, Heinz-Harald Frentzen, Mika Salo, Jeff Krosnoff e Andrew Gilbert-Scott. Vivendo como reis, dividindo hotéis com aeromoças e na mira das fãs japonesas, os pilotos europeus logo passaram a competir também no número de conquistas sexuais.

O norte-americano Krosnoff, que viria a morrer em um acidente na Fórmula Indy em 1996, era o que mais divertia seus colegas. Desenhista talentoso, o piloto tinha mania de enviar faxes às recepcionistas de hotel com esquetes pornográficos.

A amizade era grande e um episódio famoso ocorreu num bar da capital japonesa. Um executivo árabe discutiu com sua noiva oriental até chegar à agressão. Frentzen resolveu intervir, no que o nervosinho sacou uma faca e partiu em direção ao alemão. Sua sorte é que Ratzenberger agiu rápido, dando uma gravata no sujeito e o desarmando. “Roland salvou minha vida”, admite Frentzen, que lembra de outro episódio não tão heróico. “Ele também era muito malandro. Uma vez abandonei em Sugo e ele me deu carona após a bandeirada. Só que foi a 150 km/h para os boxes enquanto eu fazia de tudo para me agarrar ao carro... e desceu do cockpit rindo!”

O que pegou a turma de surpresa foi a decisão de Ratzenberger, o mais bem-sucedido com as mulheres entre todos eles, em se casar com a aeromoça norueguesa Bente. A cerimônia ocorreu em dezembro de 1991, em Salzburg. Um ano depois, estavam separados. “Foi um erro”, reconheceu mais tarde o piloto. “E o pior é que joguei minha agenda telefônica com os números importantes fora. Agora tenho de começar tudo de novo!”

Aos poucos, os europeus do oriente foram conquistando espaço na Fórmula 1. O primeiro a entrar foi Irvine, na famosa corrida de Suzuka em que levou um soco de Ayrton Senna por ultrapassá-lo quando era retardatário.

“Roland foi um dos poucos que me ligou para me felicitar pela estréia”, afirma o irlandês.

No final de 1993, a Sauber chamou Frentzen para a temporada seguinte e Krosnoff foi para os Estados Unidos desenvolver os motores Toyota na Fórmula Indy. Quando parecia que sobrariam Ratzenberger e Salo no automobilismo japonês, a recém-formada equipe Simtek resolveu chamar o austríaco para fazer parceria com o australiano David Brabham na Fórmula 1. O sonho finalmente se realizaria.

“Não posso permitir nenhum acidente. Nosso orçamento anual é igual ao salário de Gerhard Berger. Não temos dinheiro para consertar carros.” Foi com este pensamento que Roland Ratzenberger iniciou a temporada de 1994. Pilotar com segurança e inteligência, sem querer extrapolar os limites de seu já limitado equipamento.

No Brasil, Ratzenberger andou mal na sexta-feira e teve problemas no treino classificatório do sábado, ficando a pé no meio da sessão. Terminou fora do grid, com o penúltimo tempo dentre os 28 pilotos, melhor apenas que o aventureiro Paul Belmondo, filho do famoso ator francês.

As coisas melhoraram em Aida. O austríaco deixou os carros da Pacific para trás e largou na última posição do grid. Terminou a prova em 11º lugar, com cinco voltas de atraso em relação ao vencedor Michael Schumacher. Mas ficou satisfeito. “Pilotei sem assumir qualquer risco, dirigindo dentro dos limites do carro para não abandonar. Mas meus limites são maiores que este”, analisou.

Seu único momento importante em relação ao resultado final do GP do Pacífico foi uma quase colisão com Rubens Barrichello no grampo, justamente na corrida que marcou o primeiro pódio na carreira do piloto brasileiro. “A culpa foi toda dele. Já havia subido com o carro todo na zebra, mas ele virou cedo demais. Sempre tomava cuidado quando ia receber uma volta de alguém, especialmente se eram Berger ou Wendlinger”, afirmou Roland.

Curiosamente, diversos ciclos na sua vida se fecharam na semana anterior ao fatídico GP de San Marino. Em Salzburg, uma pacífica conversa com o pai sobre automobilismo ganhou um caráter de reconciliação. “Ele já é quase um fã meu”, comentaria o piloto em Ímola.

Depois, uma semana em Mônaco o ajudou a se integrar aos pilotos da Fórmula 1 que ainda não conhecia. Algumas horas passadas no iate de Gerhard Berger serviram para uma primeira (e única) aproximação entre os dois compatriotas. No final, a viagem até Ímola de carona no Porsche Carrera 4 de Jirki Jarvi Lehto, onde o austríaco reafirmou sua felicidade em estar na categoria e seu otimismo para o fim-de-semana.

Na sexta-feira, um susto na curva Villeneuve: Roland, em sua volta de desaceleração, é quase tocado pelo companheiro David Brabham, que iniciava uma volta rápida. O choque a quase 320 km/h poderia ter tido graves conseqüências, mas foi levado numa boa pelos dois pilotos. “Demos boas risadas sobre isso. Ele não olhou direito e a gente quase bateu”, disse o austríaco, poucos minutos antes do treino de classificação no sábado.

Às 14h20, um pedaço da asa dianteira do Simtek S941 se soltou na aproximação da mesma curva Villeneuve. Ratzenberger perdeu o controle do carro e foi em direção ao muro. São duas pancadas quase que simultâneas: a primeira, a 308 km/h, com a parte dianteira esquerda do carro num ângulo inferior a 90º. A segunda, com toda a lateral do carro, na qual o piloto bateu a cabeça contra o muro. Morte instantânea. A Fórmula 1 em estado de choque.

Ayrton Senna interrompeu sua participação no treino classificatório, assim como os pilotos da equipe Benetton (Schumacher e Lehto, ambos amigos de Roland) e Karl Wendlinger. Gerhard Berger, surpreendentemente, voltou mais uma vez à pista. “Em uma hora destas, ou você continua, ou pára de vez. E eu resolvi continuar”, explicou. À noite, com lágrimas nos olhos, o austríaco da Ferrari soltou uma frase tristemente profética em uma conversa com o repórter Heinz Prüller. “Eu esperava por um acidente como este. Tinha de acontecer, já tivemos sorte por muito tempo. E eu temo que esta série negra vai continuar. A morte de Roland não foi nossa última na Fórmula 1.”

Epílogo

David Brabham largou na corrida do domingo. Foi a primeira vez na Fórmula 1 que uma equipe não se retirou de uma corrida após um de seus pilotos ter perdido a vida nos treinos. Ninguém falou mal. A decisão foi tomada em conjunto com a família Ratzenberger e todos consentiram que o próprio piloto teria preferido assim. Até o final da temporada, a Simtek correu com a inscrição “For Roland” na lateral da tomada de ar do motor.

O enterro ocorreu no dia seguinte ao de Ayrton Senna. O momento mais emocionante foi quando Niki Lauda pediu a palavra. “Querido Roland: todos que também participam de corridas entendem porque você amava tanto este esporte e arriscava sua vida por ele. E aos outros, que nunca participaram, não dá para esclarecer exatamente por isto”.

Berger admitiu que nunca havia visto tantas mulheres bonitas em um funeral e comentou: “eu gostava de seu jeito espontâneo de ser, de sua personalidade aberta, com aquela tranqüila felicidade que brota de dentro. Roland havia chegado perto de enriquecer realmente o cenário da Fórmula 1.”

Imaginar o que o piloto poderia ter alcançado se o acidente não acontecesse é um exercício interessante. Ele sempre andou no mesmo ritmo de seus companheiros dos tempos de Japão, gente como Irvine, Frentzen e Salo, todos com carreiras longas na F-1. Mas teria de superar um primeiro ano na segunda pior equipe do grid e, sem apoio financeiro, precisaria obter alguma performance realmente sensacional para conseguir um lugar em outro time melhor.

Nestes dez anos do trágico fim-de-semana de Ímola, seu nome foi relembrado e a ligação intrínseca de sua morte com a de Senna comprovada. Mas Ratzenberger sempre permaneceu vivo na memória de seus companheiros de pista. O filho de Mika Salo com a japonesa Noriko foi batizado de Max Roland. “Pelo menos um pedaço dele permanece conosco”, afirma o finlandês. (Luiz Fernando Ramos)

Ele gastou tudo o que tinha para correr na F-1

Pelo menos um piloto brasileiro teve estreito relacionamento com os dois pilotos mortos no final de semana do GP de San Marino de 1994. O paulista Maurizio Sala disputou o Campeonato Paulista de Kart de 1974 na categoria Junior, tendo Ayrton Senna como um de seus maiores adversários. “Quando um de nós dois não ganhava, era porque havíamos batido um com o outro”, relembra Sala. “Depois disso, passamos a correr em categorias diferentes. Comecei a correr com carros aqui no Brasil em 1977.

O Ayrton continuou no kart até ir correr de Fórmula Ford na Inglaterra em 1981. Eu só estreei nessa categoria no final de 1982”, recorda.Com Ratzenberger, Sala teve um contato mais próximo. Ambos se conheceram quando corriam no Japão, e disputavam as mesmas categorias. Um freqüentava a casa do outro e o austríaco conheceu uma de suas namoradas, Kadija, na casa de Sala. “Ela era amiga da Naomi Campbell”, conta Sala. “O Roland era um cara quieto, e muito arrojado como piloto”.

Em 1989, Sala e Ratzenberger dividiram um Porsche 962 na 24 Horas de Le Mans com outro austríaco, Walter Lechner. Não tiveram sorte: um pneu estourado provocou um acidente após poucas horas de corrida.Hoje, Sala é chefe de uma equipe da categoria Stock Car Light e busca patrocínio para correr na divisão principal, a Stock Car V8. E faz uma revelação surpreendente: “Fiquei mais chocado com a morte do Roland do que com a do Ayrton. Talvez pelo fato de ele ser novato e ter investido todo o dinheiro que havia ganho no Japão para correr na F 1 por uma equipe pequena. Fez isso na raça, acreditando que aquilo poderia levá-lo a algo maior. Foi muito triste ver tudo acabar daquela maneira. Com o Ayrton foi diferente: ele já era um ídolo, um piloto consagrado. Acho que a ficha só caiu para mim quando fui ao velório e ao enterro. Antes, a morte do Ayrton parecia algo irreal”. (Luiz Alberto Pandini)

(Site GP Total, por Luis Fernando Ramos e Luiz Alberto Pandini)

***

Em um dia em que muitos se lembrarão dos treze anos da morte do ídolo Ayrton Senna da Silva, vale a pena lembrar também de uma outra pessoa que poderia ter sido como tal, se o acidente fatal um dia antes não tivesse lhe tirado a vida. Se realmente vingaria, nunca saberemos.

Lembro-me como se fosse ontem, o trágico acidente do austriaco não muito abastado, que apostou todas as suas fichas em um sonho que realmente seria o sonho de sua vida.

sexta-feira, março 23, 2007

Cruel e humano


BAGDÁ - Saddam Hussein regava plantas no jardim da prisão, guardava pão para dar aos pássaros e usava café e charutos para manter sua pressão sanguínea sob controle, segundo o enfermeiro militar que cuidou dele na prisão em Bagdá.

Em entrevista dada ao jornal americano St. Louis Post Dispatch, o sargento Robert Ellis, de 56 anos, deu detalhes sobre os últimos meses de vida do ex-presidente iraquiano na prisão - que era chamado de "Victor" entre os militares no campo - situada na região norte da capital do Iraque.

Ellis foi o responsável pela saúde de Saddam entre 2004 e 2005. Segundo o enfermeiro, Saddam escrevia poesias, lembrava de quando contava histórias para suas filhas antes de dormir e guardava pão para poder alimentar os pássaros.

"Meu trabalho era mantê-lo vivo e com saúde, para que eles pudessem matá-lo num momento posterior", afirmou o sargento.

O enfermeiro contou que Saddam ficava numa cela de cerca de quatro metros quadrados em Camp Cropper, onde outros prisioneiros importantes também estão presos. Em sua cela, ele tinha à sua disposição uma cama, duas cadeiras plásticas, um manto para orações e duas bacias para se lavar. Sua saúde era avaliada duas vezes ao dia para que os oficiais pudessem acompanhar a situação.

Saddam dizia a Ellis que charutos e café ajudavam a manter a sua pressão sanguínea baixa e, segundo o enfermeiro, "parecia funcionar".

Greve de fome

Num determinado momento, Saddam Hussein começou uma greve de fome, recusando-se a comer a comida que os soldados colocavam embaixo da porta. Quando eles passaram a abrir a porta para levar o alimento ao ex-líder iraquiano, ele voltou a comer. "Ele se recusava a ser alimentado como um leão", disse Ellis.

Em suas curtas saídas da cela, Saddam Hussein regava plantas e alimentava os pássaros com pão que ele guardava das refeições. "Ele contava que tinha sido agricultor quando era jovem e que jamais tinha esquecido de onde viera", afirmou o enfermeiro, que também revelou que "raramente" ele se queixava de alguma coisa e quando o fazia, normalmente era legítimo.

Quando o sargento americano disse a Saddam que estava voltando aos Estados Unidos porque seu irmão estava morrendo, o ex-presidente iraquiano lhe deu um abraço e disse que ele [Saddam] seria o seu irmão.

Segundo o enfermeiro, o ex-líder nunca tocou no assunto de seu período no poder. Contudo, um dia Ellis disse que foi vê-lo na cela e Saddam o questionou sobre quais razões que tinham levado os Estados Unidos a invadir o país, argumentando que o Iraque tinha leis justas e que os inspetores não tinham encontrado armas de destruição em massa.

"Eu respondi: 'Política é assim. Nós, soldados, nunca nos metemos com isso", teria respondido Ellis.

(Estadão - 01 de janeiro de 2007)

***

Até mesmo o mais cruel estereótipo tem seu lado humano e um lado humano um tanto quanto sensível, esquecido por muitos. Qualidades escassas, encontradas em pessoas tipicamente queridas.

É um bom indício de que para tudo na vida temos diversas óticas, cada qual com suas importâncias e inutilidades. Quem diria que o ditador sanguinário, assassino como dizem por aí , teria esta face de bom moço? Um senhor que poderia ser um amável avô que cuida dos pássaros e rega as plantas? Além de escrever poesias?

Até onde isto é verdade eu não sei, tampouco importa este mérito. O que vale é a mensagem de que há bondade mesmo na mais distante controvérsia sobre o assunto.

sábado, março 10, 2007

Pessoas que moram ao longe


Outro dia estava voltando de uma viagem, já era tarde da noite, o avião sobrevoava algum lugar a caminho de casa. Da janela pude visualizar algumas luzes bem distantes, amareladas, pareciam jogados num meio entre o nada, o vazio e a solidão.

Por um momento, parei para pensar no quanto os moradores daquelas casas, que erradiavam aqueles filetes perdidos de luz estavam distantes das demais, no mais profundo isolamento em que o vizinho mais próximo não está lá para acudí-lo em momentos de desespero ou incomodá-lo em momentos de tranquilidade.

Em todo caso, não foi isto que me chamou a atenção, que me fez questionar por uns segundos. O que me instigou é que descobri que havia perdido parte de uma essência. O encanto e a percepção para algumas coisas simples, pensamentos longínquos, pontuais, quase sem sentido, as coisas corriqueiras do dia a dia, uma comparação profunda, o ponto de luz na escuridão, que eu nunca percebera.

Sempre viajei na janela, é um pedido que gosto de fazer, fico feliz quando atendido, mas não sei o porque, pois passo a viagem inteira dormindo. Este dia foi um pouco diferente. Entre um lapso de consciência e sonolência, vi esta cena, aqueles pingos de luz.

Inferi então que cada uma das opacas luzes lá embaixo poderiam representar a geografia da vida, por exemplo, hoje estou distante de mim, um ponto na imensidão das reflexões perdidas. Talvez, aquele ponto perdido no breu não seja uma moradia. Talvez seja um dos meus pensamentos e o vizinho mais próximo, um dos seus.

Depois disso, voltei a dormir.

sexta-feira, março 02, 2007

É a vida, é bonita e é bonita


Gonzaguinha - O Que é, o Que é?

Eu fico com a pureza da resposta das crianças

É a vida, é bonita e é bonita
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita

Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita

E a vida?
E a vida o que é diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida?
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é, o que é meu irmão?

Há quem fale que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem da segundo,
Há quem fale que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do Criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer;
Ele diz que a vida é viver;
Ela diz que o melhor é morrer,
Pois amada não é
E o verbo sofrer.

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Fico com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita e é bonita

Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar.. (E cantar e cantar...) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei... (Eu sei...) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita

***

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (Rio de Janeiro RJ 1945 - Curitiba PR 1991). Gravou seu primeiro compacto em 1966, produzido pelo próprio compositor. Nos anos seguintes, cursaria Ciências Políticas e Econômicas na Faculdade de Ciências Políticas Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

Em 1969 conquistou o primeiro lugar no II Festival Universitário de Música Popular na TV Tupi, com a canção
O Trem. Seu primeiro LP, Luiz Gonzaga Jr., foi gravado em 1973. Seu primeiro show, Últimos Dias, estreou em 1974, no Rio. Entre 1979 e 1980 apresentou o show A Vida do Viajante, com Luiz Gonzaga.

Em 1985 participou do I Encontro de Música Popular Brasileira, em Araxá MG, para discutir assuntos relacionados a direitos autorais, taxação nos preços dos discos estrangeiros, política cultural para a música popular. Gonzaguinha foi compositor engajado politicamente, que manifestou em suas letras preocupações sociais e mesmo palavras de ordem contra a política brasileira. Mas suas músicas românticas, como
Grito de Alerta e Começaria Tudo Outra Vez marcaram época e inovaram a forma de abordar, na canção popular, o amor feminino. (Itaú Cultural)

***

Sua morte prematura, aos 46 anos em um acidente automobilístico em Curitiba o transformou numa espécie de ícone, que conduziu uma geração inteira, embalada pelas suas músicas de cunho político e social.

O que é, o que é pode ser interpretado como um hino, um hino para a vida, afinal, apesar dos pesares, nada impede de dizer que ela é bonita, é bonita e é bonita.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A rua da rimas


A rua das rimas

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,direita,
estreita, bem feita, perfeita,
com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e
varais nos quintais;

e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,
douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;
e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso;
e algum piano provinciano, quotidiano, desumano,
mas brando e brando, soltando, de vez em quando,
na luz rara de opala de uma sala uma escala clara que embala;
e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;
e de noite, no ócio capadócio,
junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões;
e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que mata...);
e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher
que bem me quer
é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calças nuas,
correndo paralelamente, como a sorte diferente de toda gente,
para a frente,
para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito,
bendito, que sempre repito
e que rima com mocidade, liberdade, tranqüilidade:
Rua da Felicidade.

(Guilherme de Almeida)

***

A rua das rimas é um poema raro, agradável, divertido, bem feito. Uma obra prima de Guilherme de Almeida que lembro-me de ter lido em um livro de português na sétima série.

Guilherme de Andrade de Almeida, advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor, nasceu em Campinas, SP, em 24 de julho de 1890, e faleceu em São Paulo, SP, em 11 de julho de 1969. Eleito para a Cadeira nº. 15 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Amadeu Amaral, em 6 de março de 1930, foi recebido, em 21 de junho de 1930, pelo acadêmico Olegário Mariano.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Eterno, eternamente


Queria um dia ser eterno.

Pra viver todas as amarguras, que a vida pudesse trazer.
Pra ter o prazer de amadurecer, sem medo de perecer.
Pra desvendar os mistérios, que uma noite quisesse esconder.

Queria um dia ser eterno.

Pra conhecer tudo aquilo, que a história pudesse contar.
Pra saber de todos os líderes, que viessem a despontar.
Pra encarar todos os medos, que aparecessem a desafiar.

Queria um dia ser eterno.

Pra não ter que partir.
Despedir-me da vida que vivi.
Deixar as pessoas que convivi.

As vezes quero ser eterno.

Simplesmente por esquecer de perceber.
Que o tempo nos faz envelhecer.

(Emilio Numazaki - 17 de janeiro de 2007)

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Forever young


Alphaville - Forever Young

Lets dance in style, lets dance for a while
Heaven can wait were only watching the skies
Hoping for the best but expecting the worst
Are you going to drop the bomb or not?

Let us die young or let us live forever
We dont have the power but we never say never
Sitting in a sandpit, life is a short trip
The musics for the sad men

Can you imagine when this race is won
Turn our golden faces into the sun
Praising our leaders were getting in tune
The musics played by the madmen

Forever young, I want to be forever young
Do you really want to live forever, forever and ever

Some are like water, some are like the heat
Some are a melody and some are the beat
Sooner or later they all will be gone
Why dont they stay young

Its so hard to get old without a cause
I dont want to perish like a fading horse
Youth is like diamonds in the sun
And dimonds are forever

So many adventures couldnt happen today
So many songs we forgot to play
So many dreams are swinging out of the blue
We let them come true

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Alphaville era uma banda alemã, que fez bastante sucesso na década de 80. Seus membros iniciais eram Marian Gold (Hartwig Schierbaum, nascido em 26 de maio de 1954 em Herford), Bernhard Lloyd (Bernhard Gößling, nascido em 6 de junho de 1960 em Enger, Bielefeld) e Frank Mertens (Frank Sorgatz, nascido em 26 de outubro de 1961 em Enger, Bielefeld). A banda era conhecida inicialmente como Forever Young.

Suas músicas mais famosas são Big in Japan e Forever young, esta última foi tema de diversas formaturas na década de 80 e trilha sonora do filme Napoleon Dynamite além do episódio Underage Drinking: A National Concerns da série It's Always Sunny in Philadelphia.

Em 1984 a banda foi renomeada para Alphaville e lançou o single Big in Japan, seguido por Sounds Like a Melody e Forever young, pouco tempo depois foi lançado o album Forever young. Devido ao sucesso, Frank Mertens deixou a banda no mesmo ano e foi substituido por Ricky Echolette (nascido em Wolfgang Neuhaus, Cologne em 6 de agosto de 1960), em janeiro de 1985.

Forever young é uma música que reflete um dos mais remotos anseios das pessoas: Ser eternamente jovem. Um plano sedutor, que nos leva aos mais longinquos questionamentos sobre o nosso tempo restante. Quem é que não gostaria de ser eternamente jovem? Esquecer os problemas trazidos pelo tempo e viver uma jornada sem fim?

Os dias, as semanas, meses e anos não nos fariam mais diferença, teriamos tempo para realizar tudo que desejar e sofrer os mais ásperos desesperos. Eterno e infinito. Dois conceitos vagos, distantes, abstratos demais para serem mensurados. Quem sabe a beleza de viver não esteja intimamente ligado ao fim? A certeza de um ponto final nos faz querer se agarrar as oportunidades com vontade, a mesma vontade que nos fazem sonhar.

Clique aqui para saber um pouco mais sobre a banda Alphaville (Wikipedia) e aprecie o misterioso clipe de Forever young.

domingo, janeiro 07, 2007

Boas recordações de 2007


Mais um ano se foi. Passou depressa, depressa demais e cada vez mais rápido passará se não mudarmos. Por muitas vezes me vi questionando se isto é apenas impressão ou uma realidade. O que nos faz ter a impressão de que o tempo está passando mais depressa? Será a falta de sensibilidade nas coisas que acontecem?

De tempos em tempos a vida cai numa perigosa rotina. A mesmice das coisas acabam ofuscando a beleza dos detalhes. Isto faz com que sua vida não mude mais. As tarefas ficam chatas, as coisas simples perdem valor e a felicidade escapa por pequenas fissuras. Aos poucos viramos um ser vazio, sem muitas coisas a esperar e sem vontade de prosperar. Pensamos que nada pode melhorar e nos conformamos com o regular.

Então, quando tudo parece perdido, os ponteiros do relógio se movem, as folhas do calendário caem e o final de ano chega. Começa aquele clima de ansiedade e esperança de dias melhores. Numa contagem regressiva vem um novo ano. O Sol parece brilhar diferente, os ventos assopram numa nova melodia e a vida recomeça.

Sétimo dia do sétimo ano do novo milênio, já é hora de mudar. Estamos no começo, é tempo de desacelerar. Curtir cada momento, dar valor a cada gesto e a cada pequeno detalhe que nos circunda.

Que em 2007, possamos aprender que a felicidade se esconde nos pequenos detalhes, nas coisas pequenas que fazemos no dia a dia. Feliz ano novo e os votos de boas recordações para este ano que se inicia.

sábado, janeiro 06, 2007

A house where we can stay


Housemartins - Build

Clambering men in big bad boots
Dug up my den, dug up my roots
Treated us like plasticine town
They built us up and knocked us down

From meccano to legoland
Here they come with a brick in their hand
Men with heads filled up with sand

Its build

Its build a house where we can stay
Add a new bit everyday
Its build a road for us to cross
Build us lots and lots and lots and lots and lots

Whistling men in yellow vans
They can and drew us diagrams
Showed us how it all worked it out
And wrote it down in case of doubt

Slow, slow, quick, quick, quick
Its wall to wall and brick to brick
They work so fast it makes you sick

Its build

Its build a house where we can stay
Add a new bit everyday
Its build a road for us to cross
Build us lots and lots and lots and lots and lots

Its build

Down with sticks and up with bricks
In with boots and up with roots
Its in with suits and new recruits

Its build


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Housemartins é uma banda inglesa, formada originalmente em 1983 pelo vocalista Paul Heaton, o guitarrista Stan Cullimore, o baixista Ted Key e o baterista Chris Lang. Os membros da banda mudaram com uma certa frequência durante a carreira. Ted Key foi substituído por Norman Cook (futuro Fatboy Slim) e o bateirista Chris Lang foi substituido por Hugh Whitaker, antigo baterista da banda The Gargoyles que em seguida foi substituído por Dave Hemingway.

Foram lançados um total de três álbuns e diversos singles, os três albuns foram: London 0 Hull 4 (Junho de 1986), The People Who Grinned Themselves to Death (Setembro de 1987) e o Live At The BBC (2006). Dentre os singles, está Build, lançada em 1987.

Build canta a magia de construir, neste caso um lar, mas pode representar tudo aquilo que construímos, pouco a pouco. Algo que ao final representará uma totalidade imensurável, talvez uma história.

Clique aqui para saber mais sobre o Housemartins (Wikipedia) e curta o clipe logo abaixo.